sexta-feira, 31 de julho de 2009

Violeta Esverdeados Transparentes

Parado com a mão na cintura mais parecia pintura que gente. Ou um estrangeiro antigo com espada a punho. Contei sete iates ancorados no porto largo enquanto me aproximava e quis dançar na minha loucura abandonada.
Desisti da dança quando cheguei mais perto e senti nele cheiro de mar, de riqueza e por baixo desse cheiro o cheiro dele mesmo.
De pele bem tratada e pelos claros, esse viking tinha 37 anos de aventura.
Sorrimos juntos, ele por segurança e eu por descuido e de tão sozinhos que estávamos naquele sorriso, percorremos juntos as ruas daqui. Não houve muito o que falar, nem entender e quando as horas passaram e o primeiro raio solar acordou sobre o vidro fumê do carro, eu olhei pra ele e percebi a grande falha.
Ele tinha olhos violeta esverdeados transparentes.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um poema sobre vontade ou sobre inveja.

Deixa que os rios do meu corpo corram livres para dentro do teu/ e com as mãos em conchas acolher meu juízo e assaltar minhas carnes/ escorregar meu blue jeans até o abismo dos meus pés/ da tua boca/ enquanto teus olhos fazem festa para minha nudez amordaçada e antiga/

Sonhou com vendas/ torturas/ poema.


Beijos do escuro, com amor.

domingo, 26 de julho de 2009

Parece que faz tanto tempo e parece que foi ontem. Além da barba que agora ta sempre por fazer e das minhas contas de bar que são maiores, pouca coisa mudou. Eu disse pra você que de alguma forma eu iria tentar me manter o mesmo, você riu de mim e me achou estúpido. Mas é assim que é esse amor. Estúpido como nas músicas da bethania, nem me importo.
Tem outra coisa, chove mais na minha cidade e tem dias que até frio sinto. Outro dia esse frio me fez lembrar daquele último carnaval que estivemos juntos, choramos duas vezes; uma foi quando o sol se pôs atras das montanhas do tramonto, eu usava verde e você vermelho e o chocolate fervia nas canecas apaixonadas la da serra, e a outra ja foi a noite, tocava um samba desconhecido nem lembro, eu querendo ficar bêbado mas meu organismo não embriaga no frio e você querendo paz. Ainda sou não muito de paz, sabe? Sempre detestei essa sua vontade de nada diante do tudo. E fui embora, ai você chorou e eu chorei e nosso carnaval acabou bem antes da quarta de cinza (olha o samba ai).
Sabia que até hoje não tenho carnaval? Serio! Fico triste porque lembro de você, mas bobagem, são só uns diazinhos perdido dentro do ano e sempre passa.


Beijos do escuro, com amor.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Uma Explicação.

Não soube responder de imediato quando o outro perguntou "porque?".
Nunca foi bom em respostas rápidas.
No colégio era sempre o último a terminar os testes e independia saber ou não as questões corretas, também nunca ganhara um quiz.
Depois que ficou adulto, preferia ter na ponta da língua as respostas que encontrava nos livros; para a vida, para o amor, para qualquer coisa que fosse a coisa, se apropriar de paixões e
temas alheios, era mais fácil, mais seguro.
Então ali, diante de um "porque?" que era responsabilidade só sua ele não soube o que responder de imediato.
Não, ele não tinha as mãos frias, não era tímido, pelo contrário, eram quentes e desejosas, ele também não era ruim com as palavras, era eloquente de signo e ascendente, ele apenas não
sabia fazer falar pra fora o que corpo gritava tão alto por dentro.

Pensou em dizer "te acho bonito, inteligente e sexy" mas não era só isso e ele jamais usaria palavras tão pobres como papel de enrolar pão.
Então não respondeu. E dormiu.


Uma Explicação:

Gosta de ti da mesma forma que gostava das férias de julho naquela mesma época de colégio e respostas atrasadas, gosta quando assiste um filme bom, gosta tanto de ti quando vai ao cinema que uma vez chorou vendo Pasolini, sentiu vergonha. Acha também que é capaz de gostar mesmo em filme ruim adolescente, porque pensa nos dois deitados eternamente baleados, originalmente na vertical.
De tanto gosto de gozo.
Gosta em sequências poéticas e em dias alcóolicos.
E quando há a noite é em ti o sono dele e se você não dorme o sonho é o sono em ti.
Se toca There is a light that never goes out ele sente que a luz foi feita
quando você nasceu...
Pensa em te alimantar como quem alimenta peixe,
pombo ou gato, sem lucro algum, só pra mante-los por perto.
Quer reviver as horas póstumas: vampiro, antigo, poeta e menino.

Outra explicação:

Não há explicação.


Beijos do escuro, com amor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Uma inconveniente.

Me ligou quando chegou. A viagem durou uma semana e do modo como estava nosso amor, pequeno e frágil como um bebê uma semana foi tempo suficiente para a saudade se transformar primeiro numa saudade maior. Depois em nada. Em conto, historia meio bêbada em mesa de bar "houve um menino, uma vez, ele era legal, gostava de cantoras canadeses"

Fez festa ao telefone logo que atendi, contou sobre luzes, drogas de qualidade, última moda da grande cidade. O imaginei ali, corte de cabelo diferente de "cá pra lá" na sala, ainda contente demais pelos resultados de suas buscas. Deu quase cáimbra no meu pescoço, quis desligar o telefone, ele era outro, não havia jeito, tentava reconhecer algo, não conseguia. Haveria de ter perdido o sotaque em tão pouco tampo? O Modo de falar ligeiro não me agradava. Me afligia!

Ele estava tão alegre me deixando novamente só no mundo. Sentia raiva percebe-lo assim, feliz. Outro. Disse que comprou um presente pra mim, Guimarães, Drummond, Tostoi... Enquanto eu pensava em raias de papel soltas no céu da minha infância de astronauta, nas assassinas de verdade do mar.
Não, suponho que entender esse meu pensamento não é o mais importante.

A mudança, sim, aquela que sem querer destrói inocênte e pensando bem sem culpa.
Não desliguei o telefone, deixei a ligação sozinha, sabotada pela pouca carga depois de horas de novidades cruéis. Eu o estava deixando, mas o que nem eu nem ele sabíamos é que ele ja tinha me deixado primeiro.

Muitos casamentos em 2009, eu me divirto com outros enquanto chove doidamente.

Beijos do escuro, com amor.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Deixou o corpo cair sobre a cama, cansado e branco da cidade grande. As mãos diziam "tired, tired, tired" a carta que tentava escrever há três dias, ia domir mais uma noite incompleta, morna dentro de um livro de aventura.
Dedos queimados do cigarro de ontem, indicador amarelado adolescente.

O sexo é um unicornio e você quer muito. Cansado.

Dentro do livro, espiões, jovens senhoras em perigo, sociedades secretas e a primeira linha de uma carta míssil "Caro, D. tudo poderia ter sido diferente se"

Antes de dormir ainda pensa em continuar, mas não sabe bem o que.

Beijos do escuro, com amor.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Beijos do escuro, com amor.



E faz de conta que é novembro.