terça-feira, 17 de novembro de 2009

C avalos marinhos de outras eras cavalgando nos nossos rios.
É la mesmo onde continua a minha memória, onde os rios fazem a curva e desaguam no meu peito espetado.
De Cactus.
Lembrança da hora em que tremi estranho e úmido e era meia noite quando você disse

_ O tempo da infância ja passou, meu amor, agora começamos a envelhecer.

E com um beijo dourado na parte do meu corpo que é mais tua:
Erótico e aquático.


Decanso.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


Enterrar as mãos nos teus cabelos de areia.
E assim me molhar no mais que há em mim.
Que desconheço.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Poema náufrago para um menino que tem gotas de ouro nas costas.


E se eu fosse mais velho e cuidadoso eu beijaria as gotas de ouro nas costas dele

e o levaria valioso ou valiosíssimo para compor a minha embarcação com o que há de mais querido.

E num sono de três noites lustrar o magro daquelas coxas na pornografia que sempre me faltou.


Mergulhar, ainda nas coxas

e boca

e águas

e nos cabelos que faziam cachos quando jovem.

A composição de azul e amarelo e se eu fosse como o outro mais sabido eu calculava sentido em vez de cor

ou língua que é prancha suicida.

E se eu o vasculho no futuro é de tanto eu naufragar que ja passamos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ma Vie ou Poema que não chegou a ser.


Não eu nunca nasci pra samba.
Eu tenho o coraçao fracoe aos domingos eu nao faço turnê, eu descanso.

Que nem aquele passarinho azul que ontem mesmo eu vi em ti.

No teu ombro supermagro, na tua blusa repetida que eu ja planejava adorar pra sempre.

Me desenhando com pinceis de outras épocas enquanto eu perdia a pose e sorria feliz.
Como as meninas que sambam com rosas nos cabelos.

Perdido nos abismos das cavas dos seus olhos que sao mais fundos naquele bar a meia noite.

Eu sou obediente e vou embora.
Eu sou valente.

E as meninas ficam a dançar.
E apodrecem as rosas nos cabelos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Olhos cor de Pipper.

Estava apaixonada, em 34 anos era a primeira vez que se sentia APAIXONADA.
Na primeira semana de namoro com Carlinhos ja o amava, sentia como se algo comparado a uma gilete ou qualquer outro filhete de metal passasse rápido em suas costas "zummmmm" todas as vezes que o via. Só podia ser paixão.
Chegava em casa as uma da tarde todos os dias, era professora primária, almoçava cozidos as pressas e passava as tardes a suspirar deitada na cama em meio a bonecas de pano e duas gatas velhas que considerava como filhas, Mirna e Mirca. Estava Feliz.

Carlinhos era um desses rapazes velhos que se encontra em todos os bairros de periferia, era conhecido por todos e sempre morou na mesma casa desde que nasceu, ainda era chamado de Carlinhos mesmo tendo quase quarenta anos, havia sido relativamente bonito em alguma época obscura da sua vida e sempre tivera o luxo de gostar de biscoitos recheados logo após o almoço. Depois um copo d'água gelado. Passava as tardes dormindo. Estava feliz.

Depois de um mês de namoro o velho rapaz passou a frequentar a casa de Daniele, para insatisfação da mãe, um senhora íntegra mas de coração nebuloso, sempre tivera por ai, fazendo bonecas de pano e desmanchando os namoros da filha, mas dessa vez seria diferente. Era o que pensava a professora.

Na segunda vez que ela o recebeu em casa, sentaram-se no sofá a frente da TV, não falavam muito quando a luz estava acesa, nem precisava, foi quando uma das gatas pulou enciumada como um tigre no colo de Carlinhos deixando sua calça cinza de tergal completamente cheia de pelos brancos que jamais sairiam. Ele enfureceu!

_Não, Carlinhos, tudo menos isso, não me peça uma coisa dessas!

Não havia jeito, ele bateu o portão atrás dele ordenando que Daniele desse cabo a vida do bichano.

Como sofreu a pobre professora ao tentar se livrar do animal que havia chamado de "filhinha" por quase dez anos. Na primeira tentativa, deixou o bicho numa rua afastada, não adiantou, em algumas horas lá estava Mirca lambendo a pata e encarando a dona como um gato egipsio. Ela chorou.

Tinha os cabelos precocemente brancos que escondia com uma tintura de segunda muito loiro, pensou que logo também os de baixo iriam ficam sem cor e seria mais difícil esconder dela mesmo. Fez cara de nojo pro espelho. Ele respondeu.
Engoliu o choro e afogou a gata na pia antes de retocar as suas raizes.


Continua...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


E se houvesse uma noite que durasse muitos dias o meu bem me ensinaria a ter saúde.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Algo que surge em vc, não se explicar tipo um estalo.

Não há nada mais real do que você/
Se ao meio dia me assombra dizendo que eu sou lindo/
Correm rios de amor por entre olhos
de pesadas pálpebras tão inquietas e absolutas/
.
Choro beijo em tua boca teu sinal/
rasgo o desenho de antigamente onde eu não estava.
Porque existem abelhas ainda elas/
que moldam como mel a minha vontade.
.
E se agora tenho no bolso um outro amante que não tu/
é porque preciso de pracinha e de maos dadas/
Odeio minha pele tão pedinte/ que leva outro ao cinema que não tu.
.
E se refaço meu amor as três da tarde/ e se preciso de presença e beijos gastos é porque nao conheço as regioes longe daqui/
e de tão meu que é meu caminhar/
vai mudando com o dia me traindo
.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Water.

Decidiu que não ficaria mais sozinho e quis amor aquático.

Tão afoito que é,
Morreu afogado.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Das Horas Vãs.


Suspeito que eu tenha te mentido.

Ontem a noite quando eu disse que te queria, era a mim a quem eu desejava e a quem sempre desejei.

Se gostava dos seus olhos e os achava inocentes era porque lembravam os meus de dezessete.

E se Amor foi sugerido enquanto eu te assisti insone e arrumei meus cabelos oleosos-vaidosos em lençoes sujos de tédio é porque tu só existe em mim, quando existe o tédio.
Eu caçoei do teu sorriso estranho, tão sôfrego, que são casas de abelha - tão perigosos.

E nunca em tua fala Beckett ou Nestrovski .


A noite na cama:

No sonho me fazes igual aos outros e se me mata quando vai ao cinema é porque o meu pranto anda nas tuas embarcações.

domingo, 2 de agosto de 2009

Um poema sobre abacaxis.

Domingo é mesmo um dia difícil.
Viúva sente saudade do marido e
quem ainda não casou acha que não casa nunca.
Há um tédio furta cor que cutuca os ossos
que nem samba antigo.
É de choro.
A gente lembra das viagens feitas, das que não
podemos fazer tão cedo e de quem já viajou pra sempre.
Cachorro late na rua e a gente treme e acha que é lobo.
É de medo.
A pressão cai.
Nunca vi gente nascendo num domingo
mas pra compensar, ja vi morrendo.
É dorido.
Quando se é criança domingo é dia de cortar o cabelo,
quem namora, é dia de despedida.
Até a lua demora pouco no céu.
E Deus vai dormir e esquece da gente.
É de fim.

sábado, 1 de agosto de 2009


Amarrar os teus cadaços e pentear o teu cabelo como se tu, maldito, fosse meu filho.


E beijando o teu corpo beijar o coração de toda a floresta amozônica.


laço


desfecho.


O teu sorriso ainda vai salvar o mundo.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Violeta Esverdeados Transparentes

Parado com a mão na cintura mais parecia pintura que gente. Ou um estrangeiro antigo com espada a punho. Contei sete iates ancorados no porto largo enquanto me aproximava e quis dançar na minha loucura abandonada.
Desisti da dança quando cheguei mais perto e senti nele cheiro de mar, de riqueza e por baixo desse cheiro o cheiro dele mesmo.
De pele bem tratada e pelos claros, esse viking tinha 37 anos de aventura.
Sorrimos juntos, ele por segurança e eu por descuido e de tão sozinhos que estávamos naquele sorriso, percorremos juntos as ruas daqui. Não houve muito o que falar, nem entender e quando as horas passaram e o primeiro raio solar acordou sobre o vidro fumê do carro, eu olhei pra ele e percebi a grande falha.
Ele tinha olhos violeta esverdeados transparentes.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um poema sobre vontade ou sobre inveja.

Deixa que os rios do meu corpo corram livres para dentro do teu/ e com as mãos em conchas acolher meu juízo e assaltar minhas carnes/ escorregar meu blue jeans até o abismo dos meus pés/ da tua boca/ enquanto teus olhos fazem festa para minha nudez amordaçada e antiga/

Sonhou com vendas/ torturas/ poema.


Beijos do escuro, com amor.

domingo, 26 de julho de 2009

Parece que faz tanto tempo e parece que foi ontem. Além da barba que agora ta sempre por fazer e das minhas contas de bar que são maiores, pouca coisa mudou. Eu disse pra você que de alguma forma eu iria tentar me manter o mesmo, você riu de mim e me achou estúpido. Mas é assim que é esse amor. Estúpido como nas músicas da bethania, nem me importo.
Tem outra coisa, chove mais na minha cidade e tem dias que até frio sinto. Outro dia esse frio me fez lembrar daquele último carnaval que estivemos juntos, choramos duas vezes; uma foi quando o sol se pôs atras das montanhas do tramonto, eu usava verde e você vermelho e o chocolate fervia nas canecas apaixonadas la da serra, e a outra ja foi a noite, tocava um samba desconhecido nem lembro, eu querendo ficar bêbado mas meu organismo não embriaga no frio e você querendo paz. Ainda sou não muito de paz, sabe? Sempre detestei essa sua vontade de nada diante do tudo. E fui embora, ai você chorou e eu chorei e nosso carnaval acabou bem antes da quarta de cinza (olha o samba ai).
Sabia que até hoje não tenho carnaval? Serio! Fico triste porque lembro de você, mas bobagem, são só uns diazinhos perdido dentro do ano e sempre passa.


Beijos do escuro, com amor.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Uma Explicação.

Não soube responder de imediato quando o outro perguntou "porque?".
Nunca foi bom em respostas rápidas.
No colégio era sempre o último a terminar os testes e independia saber ou não as questões corretas, também nunca ganhara um quiz.
Depois que ficou adulto, preferia ter na ponta da língua as respostas que encontrava nos livros; para a vida, para o amor, para qualquer coisa que fosse a coisa, se apropriar de paixões e
temas alheios, era mais fácil, mais seguro.
Então ali, diante de um "porque?" que era responsabilidade só sua ele não soube o que responder de imediato.
Não, ele não tinha as mãos frias, não era tímido, pelo contrário, eram quentes e desejosas, ele também não era ruim com as palavras, era eloquente de signo e ascendente, ele apenas não
sabia fazer falar pra fora o que corpo gritava tão alto por dentro.

Pensou em dizer "te acho bonito, inteligente e sexy" mas não era só isso e ele jamais usaria palavras tão pobres como papel de enrolar pão.
Então não respondeu. E dormiu.


Uma Explicação:

Gosta de ti da mesma forma que gostava das férias de julho naquela mesma época de colégio e respostas atrasadas, gosta quando assiste um filme bom, gosta tanto de ti quando vai ao cinema que uma vez chorou vendo Pasolini, sentiu vergonha. Acha também que é capaz de gostar mesmo em filme ruim adolescente, porque pensa nos dois deitados eternamente baleados, originalmente na vertical.
De tanto gosto de gozo.
Gosta em sequências poéticas e em dias alcóolicos.
E quando há a noite é em ti o sono dele e se você não dorme o sonho é o sono em ti.
Se toca There is a light that never goes out ele sente que a luz foi feita
quando você nasceu...
Pensa em te alimantar como quem alimenta peixe,
pombo ou gato, sem lucro algum, só pra mante-los por perto.
Quer reviver as horas póstumas: vampiro, antigo, poeta e menino.

Outra explicação:

Não há explicação.


Beijos do escuro, com amor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Uma inconveniente.

Me ligou quando chegou. A viagem durou uma semana e do modo como estava nosso amor, pequeno e frágil como um bebê uma semana foi tempo suficiente para a saudade se transformar primeiro numa saudade maior. Depois em nada. Em conto, historia meio bêbada em mesa de bar "houve um menino, uma vez, ele era legal, gostava de cantoras canadeses"

Fez festa ao telefone logo que atendi, contou sobre luzes, drogas de qualidade, última moda da grande cidade. O imaginei ali, corte de cabelo diferente de "cá pra lá" na sala, ainda contente demais pelos resultados de suas buscas. Deu quase cáimbra no meu pescoço, quis desligar o telefone, ele era outro, não havia jeito, tentava reconhecer algo, não conseguia. Haveria de ter perdido o sotaque em tão pouco tampo? O Modo de falar ligeiro não me agradava. Me afligia!

Ele estava tão alegre me deixando novamente só no mundo. Sentia raiva percebe-lo assim, feliz. Outro. Disse que comprou um presente pra mim, Guimarães, Drummond, Tostoi... Enquanto eu pensava em raias de papel soltas no céu da minha infância de astronauta, nas assassinas de verdade do mar.
Não, suponho que entender esse meu pensamento não é o mais importante.

A mudança, sim, aquela que sem querer destrói inocênte e pensando bem sem culpa.
Não desliguei o telefone, deixei a ligação sozinha, sabotada pela pouca carga depois de horas de novidades cruéis. Eu o estava deixando, mas o que nem eu nem ele sabíamos é que ele ja tinha me deixado primeiro.

Muitos casamentos em 2009, eu me divirto com outros enquanto chove doidamente.

Beijos do escuro, com amor.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Deixou o corpo cair sobre a cama, cansado e branco da cidade grande. As mãos diziam "tired, tired, tired" a carta que tentava escrever há três dias, ia domir mais uma noite incompleta, morna dentro de um livro de aventura.
Dedos queimados do cigarro de ontem, indicador amarelado adolescente.

O sexo é um unicornio e você quer muito. Cansado.

Dentro do livro, espiões, jovens senhoras em perigo, sociedades secretas e a primeira linha de uma carta míssil "Caro, D. tudo poderia ter sido diferente se"

Antes de dormir ainda pensa em continuar, mas não sabe bem o que.

Beijos do escuro, com amor.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Beijos do escuro, com amor.



E faz de conta que é novembro.